janeiro 03, 2015

O PRIMEIRO DIA DE UM ÚNICO TEMPO



Anuncio-me como fiel pretendente de um reino invisível,
albergando nos braços os raios do meu sol.
Não preciso de concentrações,
manifestações ou revoluções.
Preciso apenas de mais de mim.

Não me falem de paz,
porque é do caos que provenho.
Sim, dessa dança conturbada do cosmos,
dessa tela negra cheia de estrelas em vida menor.
É aí que quedo. Numa espiral de desassossego que a todos pertence.

Vejo-me,
liberto dos céus e cansado da terra.
Vejo-me,
nos braços do poema e com os olhos postos na memória.
Vejo-me,
no caminho da febre e com medo da finisterra.
Vejo-me,
a carregar a estranha dor da história.

Agora, que o meu corpo é mágoa,
cerco o reino da cabeça aos pés.
Purifico-me com outra água,
e descubro-me de vez.

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