outubro 29, 2014

O DIA MAIS INFELIZ SOBRE TODAS AS ERVAS



No dia mais infeliz sobre todas as ervas,
vou voltar a fumar
e sentir o corpo a escarrar
a ressaca.

No dia mais infeliz sobre todas as ervas,
as calças que visto
voltarão a ser negras,
albergando uma simbiose
de fumo, moedas e libido. 

No dia mais infeliz sobre todas as ervas,
dar-te-ei como perdida para sempre
com a mordida da tua boca a servir-me de cicatriz,
qual memória, qual tatuagem,
qual imagem
do teu doce cariz.

No dia mais infeliz sobre todas as ervas,
os teus lábios serão como lâminas
que sangrarão os meus gestos
no jogo da revolta.

No dia mais infeliz sobre todas as ervas,
voltarei a casa sem ti,
e entre as lágrimas e a surpresa do orvalho,
entrego à manhã o desmaio.

No dia mais infeliz sobre todas as ervas,
volto a ser nada.



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